13 de jun. de 2008

“Dar nome aos gatos é um assunto traiçoeiro,

E não um jogo que entretenha os indolentes;

Podes julgar-me louco como um chapeleiro,

Mas a um gato se dá três nomes diferentes.

Primeiro, o nome por que o chamam diariamente,

Como Pedro, Augusto, Belarmino ou Tomás,

Como Vítor ou Jonas, Alonso ou Clemente-

Enfim, nomes discretos e bastante usuais.

Há mesmo os que supomos soar com som mais brando,

Uns para damas, outros para cavalheiros,

Como Platão, Deméter, Ésquilo, Menandro,

Mas são todos discretos e assaz corriqueiros.

Mas a um gato cabe dar um nome especial,

Um que lhe seja próprio e menos correntio:

Se não como manter a cauda em vertical,

Distender os bigodes e afagar o brio?

Dos nomes desta espécie é bem restrito o quórum,

Como Quaxo, Munkustrap ou Coricopato,

Como Bombalurina, ou mesmo Jellyjorum…

Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.

Mas, acima e além, há um nome que ainda resta,

Este de que jamais ninguém cogitaria,

O nome que nenhuma ciência exata atesta-

Somente o gato sabe, mas nunca o pronuncia.

Se um gato surpreenderes com o ar meditabundo,

Saibas a origem do deleite que o consome:

Sua mente se entrega ao êxtase profundo

De pensar, de pensar, de pensar em seu nome:

Seu inefável afável

Inefanefável

Abismal, inviolável e singelo Nome.”


T.S. Eliot, em “Livro do Velho Gambá sobre Gatos Travessos”
















Digam olá a Cian.

2 comments:

Paulets disse...

cian!!!!
lindo... lindo... lindo!!!
nosso filho!!!

love thee...

koga disse...

Olá Cian!
Traz ele pra cá pros meninos brincarem com ele! =)